Somente hoje me dei conta que a tanto não escrevia. Uma pausa longa, porém, acredito necessária neste espaço tão cheio de pensamentos e emoções desse autor.
Em primeiro lugar vem o medo de ser visitado por quem, por qualquer razão que seja, faça disso mal uso. Por outro lado, um desejo de consertar as coisas, antes que qualquer desventura fosse notada. Doce ilusão.
Apesar de exercer a verdade cotidiana com um trunfo de personalidade recém adquirido, as vezes me pego tímido em tratar de mim. Medo típico de quem ainda se vê machucado, incompleto ou em busca de algo que julga essencial para seu presente. Somos busca, que tal?
E sermos busca incita sermos incompletos em essência. Desejosos de mais, famintos de coisas que sequer sabemos se nos farão realmente melhores. Haja humanidade.
Tenho escrito durante os últimos anos sobre o meu percurso recente em renúncia de expectativas, de me despir de desejos "pré-ocupantes".
E tenho dito, invariavelmente que esta foi, sem dúvida, minha maior vitória e minha maior perda: Expectativa.
Há um Graal em nada esperar.
E vejo que, de uma forma que eu nunca premeditaria, é esta a mesma verdade cultivada por monges budistas, pelos votos de silêncio, pelos caminhos da iluminação ou auto conscientes orientais. Quer pelo sofrimento, quer pelo silêncio, a contemplação plena do presente só pode ser entendida desta forma: abdicada de expectativa.
Este é o meu presente a mim mesmo.
Este é o meu presente temporal.
E não há nada de bom ou de mal nisso. Há apenas aprendizado e, novamente, contemplação.
Deixe o passado remoído, abandone o futuro incerto.
O inferno da mente está onde o coração naufragou, as águas sempre estarão ao seu redor, e além delas e em qualquer que seja a direção, sempre haverá horizonte.